NALDOVELHO
Carece não Maria!
Não precisa temer pelo poeta,
ele é forte, um guerreiro, um asceta,
pois mesmo que acidentado o caminho
e ainda que siga sempre sozinho,
ele há de sobreviver.
Carece não minha amiga!
Não tema pela sanidade dos meus versos,
o poeta é um sobrevivente confesso,
um ser ungido pelo destino,
porta-voz de tantos lamentos,
de tantas paixões e sofrimentos,
um taumaturgo a curar nossa dor.
Carece não Maria!
Não tema pela dor que hoje sinto,
ela é o alimento preciso
a manter acesa a chaga
que lateja em nossas entranhas
para depois ser parida em poemas
que irão materializar o nossos sonhos.
Carece não minha amiga!
O poeta é um protegido de Maria,
um ser a buscar sempre o regresso,
pois em desterro é um andarilho
a abrir picadas, estradas
que nos sirvam na caminhada
em direção ao Pai.
Carece não Maria!
Não tema por palavras que espetam,
são teus os meus poemas,
pois o amor que hoje eu sinto,
não se contenta só com os meus versos,
até por que tu também és poema,
mulher corajosa que se desnuda inquieta,
que busca, que sofre e se move
em busca da compreensão.
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