NALDOVELHO
Por onde andará o poeta
quando ele de mim se ausenta?
Quais caminhos ele insanamente percorre?
Com quais enredos atrevidamente se envolve?
Quais sementes ele trará para os versos?
Quantas histórias em sua memória,
quantas vivências assimiladas,
quantas vertentes por ele exploradas?
Por onde andará o poeta
quando ele de mim se ausenta?
Por mais que eu tente não consigo imaginar,
por tão limitada à visão do mortal que questiona,
a ilimitada vontade do imortal que impulsiona,
por onde andará o poeta
quando ele de mim se ausenta?
Será que por abismos trevosos?
Será que por paraísos perdidos?
Quantos amores terão suas marcas?
Quanta saudade existirá em seu peito?
Quanto do homem que hoje existe
terá sido construído a partir dos seus sonhos?
Por onde andará o poeta que vez por outra me habita?